"A dor não tem nada a ensinar àqueles que não encontram coragem e força para escutá-la" -Freud

“A dor não tem nada a ensinar àqueles que não encontram coragem e força para escutá-la.” Freud

“A gente não mexe em time que está ganhando” – essa é uma realidade. Mesmo que a formação esteja meio capenga, ainda assim, se está ganhando, deixa jogar! Existe, inclusive, aquela máxima que diz que “tem que sofrer pra aprender”. Mas, sinceramente, falta muita coisa nessa lógica de apologia ao sofrimento.

A gente cansa de ver pessoas sofrendo, às vezes muito, às vezes muito e repetidas vezes, sem aprender nada. Pelo contrário, praguejam contra alguém, reclamam das circunstâncias, reivindicam pelas injustiças sofridas, e maldizem a própria sorte. Sobre si mesmas, nem uma única palavra.

É claro que infortúnios acontecem, problemas nos atravessam, algozes maltratam e oportunidades não são distribuídas de modo uniforme e constante. É claro que os tempos são cada vez mais perversos, atravessados por uma lógica injusta e transversa. Mas, e daí, o que fazer com isso?

É preciso cair na real. Olhar a dor no fundo dos olhos e perguntar a que veio e pra qual serventia. Toda dor sinaliza uma demanda de despedida. Há algo a ser irremediavelmente perdido, e aceito como tal: perdido para sempre.

Toda dor traz um lucro, nem que seja na atenção que suplica o olhar do outro. Escutar a dor é vasculhar que lucro é esse, do qual não se pode abrir mão. Conversar com a dor é oferecer a ela um sentido que possa ser revogado, ou ressignificado, para que ela mesma nos ofereça, então, outra direção. Uma direção que a abandone na próxima curva da estrada.