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Laços

  • Foto do escritor: Eliza Maciel
    Eliza Maciel
  • 10 de nov. de 2022
  • 1 min de leitura

“Alguns laços são tão fortes, bonitos e intensos que ao tentar explicar a gente só consegue agradecer” @umcartao


Há um traço no Outro que nos captura. Um jeito de olhar, um modo de falar, uma frase dita, um gesto, um saber... Uma atitude, as mãos que conversam, a voz que acaricia... Sabe-se lá o quê... Na maioria das vezes nem sabemos mesmo dizer. Amor se reconhece, sem explicação.


Lacan nos ensinou que amar é “dar o que não se tem”. Isso mesmo. Dou-te minha falta, para que nela você me habite. É onde sou incompleta que abro o diafragma ao amor. É ali, nesse músculo que respira, que o guardamos.


Recobrimos o outro com as nossas identificações e endereçamos a ele a demanda de sermos amados também. É tolo quem acredita que uma única pessoa poderia dar conta disso. Amor é sempre múltiplo. Sábios eram os gregos, desde a Antiguidade, com seus diversos nomes para amores diferentes.


“Ama como a estrada começa” – escreveu o poeta Mário Cesariny. Sendo ponto de partida, nunca saberemos antecipadamente onde vai dar a estrada. Amar é sempre risco porque na certeza do desencaixe, a pergunta é “como seguimos?”


Pode ser que não seja possível seguir, não juntos, porque num tombo, o amor fraturou. Caíram as identificações, soltaram-se as mãos, desatou-se o laço. Amor não aceita cola, e restauração é arte para poucos, carece do talento do artista e da humildade do artesão.


Voltamos a Lacan... “será que o amor é isso: ter feito um pedaço de caminho juntos?”



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