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"Vamos criando um abismo entre nosso discurso e nossos atos." - Eliza Maciel

  • Foto do escritor: Eliza Maciel
    Eliza Maciel
  • 15 de jan.
  • 2 min de leitura

articipo de um grupo de WhatsApp formado a partir de um curso sobre Psicanálise. Em função do evento em Brasília propondo um abraço à Democracia, em repúdio aos acontecimentos de 08 de dezembro de 2023, um integrante enviou uma mensagem de ênfase à punição daqueles que participaram dos atos de ataque e vandalismo praticados naquele dia. Outro integrante respondeu solicitando que se evitasse naquele grupo posicionamentos políticos e se mantivesse o interesse nos temas da Psicanálise.


Rapidamente deu-se início a uma discussão sobre a necessidade de que existíssemos como seres políticos, principalmente na função que ocupamos.


Não acredito que seja possível outro modo de estar no mundo, nem como sujeitos do desejo, nem como cidadãos.


Mas o que me chamou a atenção foram o tom de ira e o rumo que a discussão foi tomando. Não se questionou sobre a diferença entre política e partidarismo, não se questionou sobre a impossibilidade de ouvirmos, respeitosamente, na diferença, na divergência e na singularidade. Não se questionou sobre o impossível de estarmos no mundo fora de um mal-estar que nos assola e convoca a todos, nem sobre a ilusão de um futuro que se esfacela na violência descontrolada nas esquinas e entre nações, no ataque (que continuamos a fazer) ao planeta, na ameaça nuclear que novamente nos ronda. Nada disso apareceu como relevante.


O que assisti foi uma sucessão de ataques, revestidos de pseudointerpretações, em que cada um vasculhava no texto do outro qual a pegadinha que permitia um trocadilho barato de acusação e provocação.


O objeto da discussão se perdeu e cedeu lugar a uma retórica agressiva em busca de quem daria a última palavra vencendo o jogo que, há algum tempo, já não tinha mais objetivo. A turma do “deixa disso” entrou esvaziando os ânimos e inserindo outros assuntos que desviassem a atenção de todos. Deu certo, com o prejuízo de uma discussão que prestasse serviço a reflexões verdadeiramente necessárias.


Já comentamos sobre isso por aqui... como vamos criando um abismo entre nosso discurso e nossos atos.


Sobre a Democracia? Sabe-se lá onde vai parar.




 
 
 

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